Sempre se fumou, quaisquer que fossem as civilizações, os tempos ou os costumes; e, muito provavelmente, continuar-se-á a fumar ainda durante muito tempo.
Embora o tabaco tenha sido importado para a Europa pelos companheiros Cristovão Colombo – numa época, portanto, relativamente recente -, já foram encontrados cachimbos antigos em todos os países europeus.
Os Gregos e os Romanos fumavam o orégão, a tussilagem ou mesmo a leituga (alface brava) como narcóticos. Heródoto, o grande viajante, indicou que os habitantes de certa ilha se reuniam em redor de uma fogueira para se embriagar com o fumo de certos frutos que nela queimavam. Fosse nos altares onde os vestais de Roma não podiam deixar que o fogo se extinguisse, fosse nos insensórios dos antigos templos píticos, fosse nas fumigações de cânhamo realizadas pelos druidas antes dos sacrifícios, o fumo estava sempre presente e, as mais das vezes era sagrado. e também assumiu rapidamente funções terapêuticas.
Mas, a pretexto de supostas virtudes afrodisíacas atribuidas a plantas como a dormideira, a mandrágora ou a papoila vulgar, a fumigação deslizou do domínio terapêutico para o domínio do prazer. Também os instrumentos se modificaram em correspondência com a necessidade de fumar.
As escavações de Herculano trouxeram à luz do dia pequenas peças de osso pintado onde vemos mulheres a fumar cachimbo; e um baixo-relevo mexicano do século VI representa um sacerdote maia a fazer o mesmo. Então, se o hábito de fumar já vem de tempos antigos, que motivos há para que não se continue a fazê-lo? Porque é que os nossos contemporâneos, gente de progresso e de bem-estar civilizado, não poderão também fumar?
Basta alguns números para dar resposta a isso: em 1888, o consumo anual do tabaco era já de 810g per capita, quando em 1789 era ainda apenas de 228g. Mas em 1978, perto de um século depois, os Estados Unidos vinham à frente do consumo mundial de tabaco per capita com perto de 28,16 kg por habitante.
Tinha-se, portanto, dado um grande passo: de um consumo incipiente e hedonista, reservado a uma minoria, a uma dramática servidão que subjuga a maioria das pessoas.”
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