A investigação tem mostrado diversos resultados para a importância das relações precoces e das atitudes e comportamentos parentais neste âmbito, nomeadamente no que respeita aos padrões educativos dos pais. Baumrind foi uma psicóloga que estudou bastante esta temática e propôs três estilos parentais: autoritário, autorizante e permissivo.
Na definição da autora, os pais com um estilo autoritário são pouco afetivos e muito controladores e restritos.
Exercem um controlo psicológico rígido, desencorajam a independência e individualidade da criança e as trocas verbais entre eles. Tentam influenciar, controlar e avaliar o comportamento e atitudes dos filhos de acordo com um padrão absoluto, dão valor à obediência e favorecem a punição, e tentam incutir à criança valores tradicionais como o respeito pela autoridade, o trabalho, tradição e preservação da ordem.
Geralmente este estilo parental está associado a uma vinculação insegura ou ambivalente, visto que as crianças nunca foram estimuladas para desenvolver a sua autonomia, liberdade de expressão e segurança interna, nem foram expostas a atitudes de aceitação incondicional, sensibilidade às suas necessidades e disponibilidade emocional.
As crianças expostas a um estilo autoritário tendem a ter uma autoestima mais baixa, a serem mais apreensivas, receosas, inseguras, agressivas, dependentes, socialmente inibidas, com dificuldades na regulação das emoções.
Claro está, mais tarde poderão tornar-se adultos igualmente inseguros, medrosos e pouco competentes, logo, com um sistema de segurança pouco desenvolvido.
Estudos apontam para uma relação entre depressão e perturbações de ansiedade e estilos parentais depressivos.
No estilo autorizante (o ideal), os pais exercem um controlo firme, mas também são afetuosos, calorosos e responsivos às necessidades das crianças.
Encorajam a comunicação aberta e as trocas verbais entre si e os seus filhos, e promovem a sua autonomia e individualidade.
Partilham as razões das decisões tomadas, reconhecem os seus direitos e os da criança, tentam orientar as suas atividades de modo racional e têm uma atitude de confronto face às divergências, sem exagerar nas restrições.
Afirmam os seus valores de modo claro, esperando das crianças que cumpram as normas que lhes dizem respeito e partilham com elas as razões das decisões. Estes pais têm níveis elevados de exigência mas também de afetividade e promovem um ambiente intelectualmente estimulante para os seus filhos. Associado a este estilo parental temos a vinculação segura.
Os filhos de pais autorizantes parecem ser crianças com melhor desempenho académico, mais competentes a nível social e profissional e ter menos problemas de saúde mental e, em virtude disso, acabam por se tornar adultos seguros, confiantes e saudáveis mentalmente falando.
São pessoas sujo sistema de segurança está a par do sistema de ameaças.
Os pais com um estilo permissivo têm uma atitude tolerante e de aceitação face aos impulsos, desejos e ações da criança e evitam tomar posições de autoridade e impor controlo ou restrições aos seus filhos.
São pais pouco punitivos, permitem às crianças regular o seu próprio comportamento e tomar as suas próprias decisões sempre que possível, e exigem poucas regras de rotina.
Tanto os pais com estilo permissivo como os com um estilo autoritário fazem, segundo Baumrind, poucas exigências de maturidade e comunicam de modo ineficaz.
Este estilo parental parece comprometer o desenvolvimento académico e social das crianças, nomeadamente no que respeita à sua assertividade e responsabilidade social, demonstrando dificuldade na autonomia, regulação das emoções, baixos níveis de autocontrolo, autoconfiança, autoestima, persistência, imaturidade, dependência, impulsividade e agressividade, bem como mais comportamentos disruptivos. À semelhança do estilo parental autoritário, este estilo está associado a uma vinculação insegura e ambivalente, uma vez que a criança não consegue estabelecer com os pais uma relação de assertividade, direção e ordem, e também de compreensão, segurança e afeto. O estilo permissivo parece estar muitas vezes relacionado com a depressão e a ansiedade.
Seromenho, S. (2022). Não é Loucura, é Ansiedade – Primeiros Socorros para Combateres a Doença do Século. Lisboa: Contraponto.