“Na última década, o nosso país tem vindo a registar consistentemente uma tendência invertida da prevalência de excesso de peso e obesidade infantil; contudo ainda se verifica que uma em cada três crianças (29,6%) tem excesso de peso e 12% obesidade, continuando esta a ser a doença mais prevalente na infância e um importante problema de saúde pública.
Délfia Lopes, da Mun-Si, explica-nos a importância do papel dos pais para combater a obesidade infantil, explica-nos a problemática em torno do estigma associado à doença e antecipa ainda os impactos da pandemia na prevalência até agora positiva do excesso de peso e obesidade infantil em Portugal.
É muito provável que a COVID-19 tenha um impacto negativo nos níveis de obesidade infantil.
Com o confinamento e fecho das escolas a rotina habitual das crianças sofreu mudanças drásticas e consequentemente as famílias enfrentaram dificuldades que contribuem para o desenvolvimento, ou agravamento, da obesidade e excesso de peso, particularmente em comunidades de risco.
Rotinas interrompidas, atividade física limitada, maior dependência de alimentos mais processados e com alto teor calórico, desregulação do sono, maior exposição a ecrãs, e falta de acesso a refeições escolares são algumas dessas dificuldades.
O ambiente familiar tem uma grande influência no estado nutricional da criança, já que tem um grande impacto no desenvolvimento de comportamentos alimentares saudáveis e de atividade física.
É importante salientar que, os responsáveis pela criança é que determinam as opções disponíveis, portanto é importante garantir que essas escolhas alimentares e essas opções sejam as mais saudáveis. Além disso, devem modelar esse comportamento (saudável) é realmente decisivo.
Estudos que evidenciam o aumento da prevalência de obesidade parental durante o período de confinamento, consideram que agrava o ambiente obesogénico em que as crianças se desenvolvem, já que uma criança de pais obesos tem mais probabilidade de desenvolver obesidade e de se tornar também um adulto obeso.
Torna-se assim importante evitar a criação de um promotor de obesidade (ambiente obesogénicos) em casa e incentivar a adesão a um estilo de vida saudável.
Podem combater a obesidade infantil com pequenos passos:
Inclui melhores escolhas alimentares, a prática de exercício físico, diminuição de comportamentos sedentários, como a redução das horas passadas a ver televisão ou no computador, e horas sono adequadas à faixa etária.
O preconceito de peso, o estigma e a discriminação são temas comuns e que causam danos significativos, principalmente em crianças. A narrativa generalizada que atribui a causa da obesidade principalmente à responsabilidade pessoal reforça muitos estereótipos.
Este estigma faz com que as pessoas com sobrepeso ou obesidade internalizem a sua experiência, contrariando a perda de peso.
A comunicação é a chave, devendo ser positiva e respeitadora, de maneira a criar um ambiente seguro, levando a criança a sentir-se motivada e aberta a mudanças e não ameaçada pelo preconceito do peso. Deve incentivar o autoconhecimento e a estimulação do valor pessoal qualquer que seja o valor do seu peso.
Neste acompanhamento psicológico estão envolvidos os educadores, os pais e a comunidade onde a criança está inserida. A educação e a sensibilização para o combate ao bullying poderá ser potencial através de palestras, programa sociais e espaços de discussão. Estes tipos de ação iram participar no combate ao estigma e preconceito e contribuir para a manutenção da vida saudável, ao nível físico e psicológicos, de toda a população.
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