“Para a memória, o segundo benefício do sono ocorre depois da aprendizagem, quando se guardam efetivamente os novos ficheiros. Ao fazê-lo, o sono protege as informações recém-adquiridas, oferecendo-lhes imunidade contra o esquecimento: é uma operação a que chamamos de consolidação.
Os investigadores deram aos participantes do estudo a possibilidade de dormirem apenas durante a primeira metade da noite ou apenas durante a segunda metade da noite. Assim ambos os grupos da experiência obtiveram a mesma quantidade de horas de sono (embora fosse pouco), mas o primeiro grupo tinha um sono mais rico em NREM e o segundo grupo um sono mais rico em REM. Foi montado o palco para uma batalha épica entre os dois tipos de sono. A pergunta era: que período de sono irá conferir maior benefício em termos de poupança de memória – o abundante em sono NREM ou o abundante em sono REM? Para a memória simples baseada em factos, o resultado foi evidente. O vencedor era o sono da primeira metade da noite, rico em sono NREM, que oferecia uma retenção de memória superior quando comparado como o sono da segunda metade da noite, o sono REM.
Através de exames de RM, já olhamos muitas vezes para dentro do cérebro dos participantes, para vermos de onde estas memórias estão a ser recuperadas em ambas as fases, antes e depois do sono. Veio a revelar-se que os conjuntos de informações estavam a ser acedidos em localizações geográficas do cérebro bastante distintas nas duas ocasiões diferentes. Antes de terem dormido, os participantes iam buscar as suas memórias ao local de armazenamento de curto prazo do hipocampo- o armazém temporário, que é um espaço vulnerável para qualquer memória viver durante um período mais alargado de tempo. Mas na manhã seguinte, as coisas eram muito diferentes. As memórias tinham mudado de lugar. Depois de uma noite completa de sono, os participantes iam buscar as mesmas informações ao neocórtex, que fica no cimo do cérebro – é uma região que serve de armazenamento a longo prazo para memórias baseadas em factos, e um sítio onde podem ficar alojadas em segurança, talvez para sempre..
O sono está constantemente a modificar a informação da arquitetura cerebral durante a noite.
Outro facto curioso é que fazer com que a sua cama se movimente de modo suave (tipo berço), este movimento induz mais rapidamente o sono profundo (tal como nos bebés quando são embalados nos braços), melhorou a qualidade das ondas cerebrais e mais do que duplicou o número de fusos de sono.
https://www.iniciativaeducacao.org/pt/ed-on/ed-on-artigos/aprenda-primeiro-durma-depois
Curiosidade:
“Após anos de pesquisa, finalmente me dei conta de que até certo ponto o inemuri não é considerado como sono absoluto. Não só é visto como diferente do ato noturno de dormir na cama como algo distinto de tirar uma sesta, uma soneca. Como entender isso?
A chave está no próprio termo, formado por dois caracteres. “I”, que significa “estar presente”, em uma situação em que se está alerta, desperto; e “nemuri”, que significa” sono”.
Apesar de a pessoa que faz inemuri poder estar mentalmente distante, ela tem que ser capaz de voltar à situação social quando necessário. Também deve manter a impressão de seguir condutas sociais por meio da postura, linguagem corporal e vestuário.
https://www.bbc.com/portuguese/vert-fut-36523163”
Fonte: Walker, Matthew; Porque dormimos?; Men’s Journal, fevereiro 2019, 978-989-8892-25-6 Pág 128 a 136
“Nada que uma boa noite de sono não resolva”, já diz o senso comum.