“O sono dos adultos é mais problemático e desorganizado. Os efeitos de alguns medicamentos mais vulgarmente tomados pelos mais velhos, assim como a existência de algumas condições médicas, resulta na incapacidade de, em média, conseguirem tantas horas de sono ou um sono tão reparador como os jovens adultos.
É um mito que os adultos mais velhos precisem de dormir menos. Os mais velhos continuam a precisar de dormir tanto como quando estavam na meia-idade, mas agora são simplesmente menos capazes para gerar (o ainda necessário) sono.
As três mudanças fundamentais que aparecem com a idade são: (1) redução de quantidade/qualidade, (2) redução da eficiência do sono e (3) perturbação do tempo do sono.
A estabilização pós-adolescência que ocorre no início dos 20 anos não permanece estável durante muito tempo. Em breve – mais depressa do que imagina ou deseja – surge uma enorme recessão no sono, sendo que o sono profundo é o mais seriamente afetado. Em contraste com o sono REM, que continua a ser maioritariamente estável até à meia-idade, o declínio do sono NREM profundo começa a fazer-se sentir no fim dos 20 anos, início dos 30.
https://medlineplus.gov/ency/article/000064.htm
Ao entrar na quarta década de vida, verifica-se uma redução palpável da quantidade e qualidade elétrica do sono NREM profundo. Ao avançar para o meio ou fim da quarta década, a idade já lhe terá retirado 60 a 70% do sono profundo que tanto apreciava enquanto jovem adolescente. Quando chegar aos 70 anos, terá perdido 80 a 90% do juvenil sono profundo.
Certamente, quando estamos a dormir à noite, ou mesmo quando acordamos de manhã, a maior parte de nós não tem uma boa noção da quantidade elétrica do nosso sono. Frequentemente, isto significa que muitos idosos vivem os últimos anos das suas vidas sem terem plena consciência de quão degradada se tornou a quantidade e qualidade do sono profundo. Este ponto é importante: significa que os mais velhos não relacionam a deterioração da sua saúde com a deterioração do sono, não obstante as ligações entre ambos serem amplamente conhecidas pelos cientistas há muitas décadas. Assim, os idosos queixam-se e procuram muitas vezes a ajuda dos seus médicos para os ajudarem a tratar questões de saúde, mas raramente pedem ajuda para lidar com o problema do sono. Como resultado, os médicos raramente se sentem motivados para inquirirem sobre as questões do sono além das problemáticas preocupações de saúde que os adultos mais velhos apresentam.
https://alert.psychnews.org/2019/07/frequent-use-of-medications-for-sleep.html
Para ser bastante claro, nem todos os problemas médicos do envelhecimento estão relacionados com a fraca qualidade do sono. Mas a quantidade de relacionadas com a falta de sono é superior à que nós e os nossos médicos se apercebem ou encaram com seriedade. Mais uma vez, aconselho um idoso que possa estar preocupado com o seu sono a não procurar simplesmente um receita de comprimidos para dormir. Em vez disso, recomendo que explore primeiro os métodos não farmalógicos eficazes e cientificamente provados que um bom médico do sono lhe pode apresentar. (continua no próximo mês)
Fonte: Walker, Matthew; Porque dormimos?; Men’s Journal, fevereiro 2019, 978-989-8892-25-6 Pág 111 a 112